De acordo com essa abordagem, o mundo é visto como ambiente hostil para a fé e prática cristãs. Os valores do Reino de Deus contrastavam com os do mundo. Esse tipo de espiritualidade teve importância substancial nos primeiros séculos da história cristã, quando o cristianismo era visto com intensa desconfiança e suspeita pelas autoridades seculares e, na época foi ativamente perseguido. Entretanto, uma vez que o imperador romano Constantino se converteu ao cristianismo, a situação ficou completamente diferente. O cristianismo tornou-se rapidamente a religião oficial do Império Romano. Na opinião de muito, o resultado foi uma acomodação aos valores seculares. Os bispos começaram a imitar as vestimentas e os costumes dos líderes seculares, usando, por exemplo, vestes púrpuras ou roxas que são símbolos de riqueza e poder.
A aceitação da igreja como religião oficial do Império Romano trouxe consigo certos privilégios. Os bispos, com isso, foram vistos como pessoas de importância, passando a utilizar símbolos romanos de hierarquia como indicação de seu novo status social.
Também provocou o surgimento do que foi muitas vezes chamado de “teologia imperial”,isto é, uma abordagem à teologia e espiritualidade que via Roma como a nova Jerusalém. Ocupando um papel divinamente instituído no governo do mundo.
 A “teologia imperial” era especialmente ligada a Eusébio de Cesaréia. Esta teologia via o Império Romano como o clímax dos propósitos redentores de Deus, retratou Constantino como instrumento escolhido por Deus para a conversão do império.
Isso fez muitos acreditarem que os ideais cristãos tinham sido comprometidos.
O movimento monástico é considerado uma revolta contra a acomodação surgida entre “A IGREJA E O ESTADO”, RESULTANDO NA DIFICULDADE DE DIFERENCIAR-SE UM DO OUTRO.
Os mosteiros eram tidos como centros do cristianismo autêntico, isolados das tentações de poder e riqueza, nos quais podia buscar a verdadeira visão cristã.
Aos poucos o formalismo religioso tomou lugar da verdadeira espiritualidade, regimentos de soldados eram batizados por ordem do imperador.
A maioria aderia à nova religião do imperador, mas, os que não eram verdadeiramente convertidos, sentiam falta do paganismo, aí começavam a voltar gradativamente, travestidos de nomes cristãos, entidades e festivais pagãos.
E a doutrina bíblica foi aos poucos desaparecendo, dando lugar a um corpo de tradição de homens, baseado no paganismo.
Pra muitos o afastamento do mundo era o único meio garantido para assegurar a salvação da pessoa.
Apesar da reforma protestante ter rejeitado o ideal monástico, a dupla temática de renúncia e hostilidade ao mundo em virtude do cristianismo verdadeiro foi retomada e desenvolvida pela ala mais radical do movimento. 

História de Israel.

quarta-feira, 22 de junho de 2016
Para entendermos a origem do povo de Israel é necessário entendermos o contexto do local onde se desenvolve sua formação, que é na terra de Canaã, terra de Israel ou Palestina.
A Palestina se localiza entre Mesopotâmia e o Egito, ela é delimitada pelos desertos e pelo mar. 
A Palestina é cercada por vales no litoral Saron e pelo profundo vale do Jordão, entre os dois estão às montanhas da Galiléia, da Samaria e de Judá.

Origem do Tribalismo

Do século XVI ao século XI a.c quem governava a Palestina era o Egito, mas não conseguiu impor sua própria administração aos cananeus, então procura fazer alianças com os reis das cidades estados cananéias, além disso o exército egípcio não era capaz de tornar-se tão presente na Palestina, dependia de sua anuais expedições de saque.
O Egito fazia parte dos grupos que haviam invadido séculos anteriores e formava a elite, controlava o campo, esse controle era exercido da força militar e da religião de El e Baal.
Forçava os camponeses a pagar tributos se não funcionasse pela religião usava-se a força militar e assim oprimia severamente o povo do campo.
Israel faz parte do povo do campo, faz parte da Palestina, não vem de fora, não surge pela conquista ou imigração.
A desintegração das cidades-estados e a mudança da idade do bronze para a idade do ferro fez com que o Egito reduzisse suas fortalezas militares e fez com que enfraquecesse seu domínio sobre Canaã.
Aproximadamente em 1300 a.C os camponeses aproveitam essa situação e migram para as montanhas, diversos grupos aderem essa novidade, todos vêm de êxodos, cansados da opressão se refugiam nas montanhas.
O que favoreceu essa nova oportunidade de habitar nas montanhas foi devido a utilização do ferro com isso a vida se torna mais fácil, com o descobrimento dessa técnica eles constroem cisternas para  armazenar água das chuvas utilizando-a  nas secas de verão, criam cidades sem opressão, surge essa sociedade de união, não há tributo nem sacerdotes corruptos, o tribalismo é igualitário, tudo é decidido na família, todos constroem, consomem, produzem e defendem a terra, quando surge algum problema um juiz se levanta para defender sua família, sua tribo.

Constituição da Monarquia

Em aproximadamente 1050 a.C a monarquia se impôs venceu o tribalismo no sentido de projeto social, mas a ideia tribalismo nunca foi destruída. Com o passar dos anos nesse sistema de monarquia começou a surgir o pobre, o escravo tudo isso foi devido à introdução do gado na produção agrícola, o gado precisava de um exército para defendê-lo, de mais comida e de mais espaço tirando a terra da população.
Além dos problemas internos o povo estava com medo da invasão de povos vizinhos, por habitarem perto das grandes rotas comerciais que passam pela Palestina, o caminho dos filisteus e o caminho Real, por isso todos queriam dominar militarmente essa rota e nesse cenário vai surgir à figura de um rei.
O primeiro rei é Saul, em seu início de governo Saul se mostra solidário no episódio que defende Jabes em Gileade, mas não formou um exército profissional, não organizou uma capital, sua família e alguns amigos eram sua corte, ele acaba sendo derrotado pelos filisteus pelo controle da rota comercial.
O próximo rei é Davi no período que estava fugindo de Saul torna-se mercenário conhecido como hapiru, se une a 400 homens desesperados e endividados (1Samuel 22-29), defende o gado dos ricos, chega a tornar-se mercenários dos filisteus e aprende o que é estado em sua força mais elaborada, conquista Hebron o centro da grande Judá, de Hebron conquista Jerusalém, derrota os filisteus e assume o controle da rota comercial.
No final da vida de Davi existiram lutas pela sucessão pelos grupos ligados ao campo e grupos ligados a cidade.
O último rei da monarquia unificada é Salomão que vence Adonias nessa disputa, Salomão representa o governo das elites da cidade e do comércio, enquanto que Davi buscava suas riquezas dos povos vizinhos Salomão organiza o tributo interno em forma de arrecadação e trabalho forçado na construção do templo e suas casas.
O templo é erguido e dedicado a Javé que é o Deus do camponês, para poder justificar a cobrança exploratória de tributos, já que o povo não negaria tributos para o seu “DEUS”, com isso ele se torna o Deus da base política de Israel, mas quem se alimenta disso tudo é o rei e o sacerdote.
O povo de Israel nasceu de tribos agora é uma sociedade estratificada e Javé foi trazido como uma bandeira de união entre o camponês e a elite.Nessa época de monarquia o povo volta a ser explorado, oprimido e massacrado por essa monarquia corrupta.
Os profetas não aceitam essa religião do templo, não aceitam essa religião elitizada e o profeta Jeremias a chama de “CAVERNA DE SALTEADORES”-(Jeremias 7:1)
Com a morte de Salomão termina o reinado unido de Judá e Israel.

Os dois reinos Judá e Israel

Por volta de 926 a.C começa a história dos dois reinos, a razão da separação era eminentemente social, o povo de Israel estava cansado de pagar tributos e de ser explorado por Jerusalém.
O povo tenta fazer um acordo em Siquém com Roboão filho de Salomão para diminuir os tributos e a exploração, mas, Roboão não aceita então o povo mata  Adonirão superintendente dos trabalhos forçados e voltam ao sistema de tribalismo.
Jeroboão é feito rei do norte ,o reino norte é mais voltado para o sistema antimonárquico e no sul quem governa é Roboão, o sul era mais dinástico.
O reino sul é marcado por sucessões familiares, já o reino norte é marcado por golpes de estado, no reino sul vai predominar no povo a esperança messiânica davídica.
Houve momentos que esses reinos se combateram (1Reis 15:16-22) e houve momentos que se aliaram( 1Reis 22:29).
Oséias proclama que Javé não quer mais sacrifícios, mas, sim solidariedade, o profeta luta pela realidade do povo sofredor, ele se torna um hermeneuta do povo interpretando e entendendo o contexto do povo pra poder defendê-lo.
No século IX a.C entre 850/800 a.C a parte norte tem forte estado econômico, militarmente forte, comprovado arqueologicamente com sua capital em Samaria, já a população no sul era escassa.

Reis e Impérios

Cada império teve sua forma de dominar uns mais cruéis que outros, mas, todos matando, roubando e cobrando impostos.
Um nova realidade surge na Palestina, agora o inimigo não vem do sul e sim do norte da Mesopotâmia.
Em 745 a.C a Assíria conquista a Palestina com Tiglate Pileser III, esse império é brutal e destruidor, eles aperfeiçoam a utilização do ferro com isso surge uma nova etapa, o ferro é mais refinado, laminado, as armaduras são mais leves e resistentes.
A forma de governo da Assíria é destruir por onde passa e isso faz com que eles acabem com tudo ao redor sem deixar locais para ser explorado futuramente.
Em 722 a.C O reino norte cai, a Assíria queria conquistar o Egito ao sul e precisa passar por Israel que estava entre eles na posição geográfica, a cidade é destruída, seus habitantes são levados em cativeiro e substituídos por povos de outras nações, transformando Israel em uma parte de seu sistema provincial, muitos do reino norte migram para o reino sul, e levam seus deuses, sua cultura.
Em 705-701 a.C o sul também é arrasado e 46 cidades são destruídas.
Em 671 a. C a Assíria conquista o Egito.
Em 640 a.C a Assíria perde o controle de Judá e começa a se enfraquecer, nesse período de disputas entre Egito, Babilônia e Assíria que já agonizava ocorre um momento na Palestina com Josias.
Breve período de autonomia nacional para Judá que, contudo está sob ameaça de um novo império que virá, Josias é colocado pra reinar com oito anos de idade (2Reis 21:24), reafirma-se o tribalismo.
Em 622 a.C ocorre a reforma de Josias, essa reforma se dá por causa do livro encontrado no templo (2Reis 22:23), esse livro é lido pelo rei, por seus ministros e faz todos desejarem a reforma, o livro do deuteronômio reafirma a união entre os irmãos segundo a reforma tribalista.
Em 614 a.C cai a cidade de Assur.pela Babilônia.
Em 612 a.C cai a cidade de Nínive a última capital da Assíria.
Em 609 a.C ocorre a Batalha de Carquemis na qual a Babilônia vence a Assíria e o Egito e toda a liberdade provisória de Israel estava prestes de terminar, Josias é morto em confronto com o Egito, o povo da terra colocou Jeoacaz seu filho em seu lugar que reinou por três meses e foi deportado para o Egito onde morreu, Jeoaquim foi feito rei pelos egípcios, mas logo depois perderam o domínio internacional para os Babilônios.
Em 605 a.C o rei Jeoaquim muda de lado e passa a pagar tributos para os Babilônicos nesse período Judá é invadida e Jeoaquim morre.
Em 597 a.C Joaquim filho de Jeoaquim assume o trono, nesse período dez mil da elite são deportados para Babilônia, Joaquim se rebela e também é levado cativo.
Em 587-586 a.C os babilônios fazem rei a Zedequias sobre os que restaram sobre Jerusalém e Judá, logo mais adiante Zedequias se rebela e deixa de pagar tributos, então Judá e Jerusalém são invadidas, tem o templo destruído, saqueado e as muralhas quiemadas.
Os remanescentes vivem a retribalização, já na Babilônia os deportados viviam em Tel Aviv, trabalhavam para sua sobrevivência e pagavam o tributo, mas possuíam liberdade para cultuar seu Deus Iavé.
Em 550 a.C os Persas começam a emergir e segundo conta Heródoto, Ciro era parente dos Medos, logo Ciro conquista os Medos e unifica seu governo, eles governam através de satrapias ou províncias, possuem um sistema de comunicação bastante desenvolvido por um sistema de estradas, trocas de mercadorias e informações, os próprios persas é quem governa nas satrapias.
Em 539 a.C Ciro conquista a Babilônia , de criadores de cabra os persas se tornam uma potência.
Em 536 a.C Ciro permite a migração do povo judeu para sua terra, alguns judeus conquistaram alguma posição e não queriam ir para Jerusalém.
Na época de governo persa muitos viviam em grande miséria, a marginalidade dos pobres era a marca registrada da cultura, da vida cotidiana, ocorreu proliferação de muitas doenças como a lepra e nessa época surge a literatura sapiencial, os provérbios , as reflexões ,os salmos que tratam das dores sofridas.
Em 525 a.C Cambises filho de Dario conquista o Egito na batalha de Pelusa.
Em 515 a.C os judeus terminam a construção de templo que estava paralisada por quase 20 anos.
Em 490 a.C Dario I faz guerra contra os gregos, por mais que os persas eram muitas vezes superiores em sua forças bélicas, não conseguiram se impor nem por terra e nem por mar, as estratégias gregas lhe foram superiores e compensaram seus exércitos numericamente tantas vezes inferiores e os gregos foram superior nessa batalha.
Em 457 a.C Esdras vai para Jerusalém, ele era de origem sacerdotal, mas sua ação em Jerusalém não será de cunho sacerdotal, ele tem a missão de restaurar a lei de Deus no coração do povo, pois o sacrifício não ia bem, estava ocorrendo um certo desinteresse pelo sacificialismo, os problemas sociais, a escravidão dos jovens, o descumprimento da lei na relação de casamentos com outros povos .
O povo precisava voltar a cumpri a lei para assim restaurar a sua identidade.
Em 445 a.C Neemias também vai para Jerusalém, ele era copeiro do rei, era um importante funcionário na corte persa ao saber da notícia sobre a ruína das muralhas de Jerusalém, e como sua família estava desprotegida e em grande miséria ele pede para o rei autorizar sua ida para restaurá-la.
Os adversários de Judá e os próprios contemporâneos não queriam que ele restaurasse os muros para Jerusalém não ser mais um entreposto alfandegário, essa restauração era contra os interesses dos que eram adeptos ao regime tribal.                              
Na construção dos muros aumentou muito o número de pessoas pobres que foram escravizadas, os judaítas mais ricos eram os credores que levavam os jovens a escravidão.
Mesmo diante de todas as opressões e impedimento, ele consegue restaurar os muros em 52 dias.
Em 333-323 a.C o império grego de Alexandre o Grande controla a Palestina
Em 323 a.C após a morte de Alexandre dois se seus comandantes, os diádocodos assumen o controle, primeiro foi o período de Ptolomeu ou Lágidas do Egito e depois os Selêucidas da Síria.
Nessa época de governo ptlomáico surge a tradução da bíblia para o idioma grego a chamada Septuaginta.
Já no governo sírio Antíoco Epífanes quer helenizar toda a Palestina, alguns aderem esses costumes, mais outros não, os Macabeus ou Asmoneus, se levanta por não aceitar essa cultura, nesse período os sacerdotes se corromperam e pagavam para assumir esse ofício sacerdotal.
Quando os descendentes do Macabeus, os hosmoneu brigavam pelo controle da Palestina, em
 63 a.C Pompeu anexa a Palestina como província de Roma.

Reflexão por Adônis Santana.

domingo, 1 de novembro de 2015
Ao início dessa reflexão gostaria de deixar uma pergunta a todos.

Qual o sistema mas perigoso e destrutivo existente;

1° O sistema político ?

2° O sistema militar?

3° O sistema econômico?

4° Todas as alternativas?

Observando e analisando,não creio que seja nenhuma das alternativas, porque todos o sistemas acima irá perecer junto com esse céu e terra.

O sistema mas perigoso e destrutivo existente é o religioso.

O qual fala da vida vindoura mas distorce a mensagem de uma forma que mas parece um conto de fadas do que a realidade.

São tantos templos,tantas placas,tantas doutrinas que se formos para pra analisá ao invés de trazer paz na realidade assusta.

Cada seguidor desse sistema misto e vasto defende a sua placa e doutrina,seus líderes com unhas e dentes de uma forma que chega assusta.

E o que mas cresce,mas se alastra é a cegueira e submissão a esse sistema que é o mas corrupto e mentiroso de todos,e o pior de tudo é que sistema apregoa por cabeça dele o Deus vivo,o Santo dos Santos.

Triste e terrível é ver o que se tornou o evangelho de Cristo.

Palavra de vida,palavras redentoras para toda humanidade se tornou fonte inesgotável de lucro para homens amante de si mesmo,homens com aparência de piedade, mas que na verdade são corruptos,mentirosos e que só pensam e si próprio.

Esse sistema religioso corrupto não vai acaba,melhora,não, não vai,pelo contrário só vai piorar o seu fim será só depois da vinda do nosso redentor e salvador Jesus Cristo.

O que fazer? Fica de braços cruzados? De forma alguma,vamos combater o bom combate e guarda a fé, vamos nus infiltra e alimenta esse sistema religioso e ganhar o máximo de almas possíveis.

Como disse o apóstolo Paulo fala aos coríntios;
Porque, sendo livre para com todos,
fiz-me servo de todos para ganhar ainda mais.

E fiz-me como judeu para os judeus,
para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivesse debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da lei.

Para os que estão sem lei, como se
estivesse sem lei (não estando sem lei
para com Deus, mas debaixo da lei de
Cristo), para ganhar os que estão sem lei.

Fiz-me como fraco para os fracos,
para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns.

E eu faço isto por causa do evangelho,
para ser também participante dele.

A guerra ta aí,não é contra carne e nem contra o sangue.

Gênesis - Estudando o livro

sexta-feira, 23 de outubro de 2015
ESTUDO DO LIVRO DE GÊNESIS

Gênesis é o primeiro livro da Torá. Faz parte do Pentateuco, que são os cinco primeiros livros da Bíblia. No hebraico, o nome do livro é Bereshith - “no princípio” -, no grego é Gênesis - “origem” -, nome que a Septuaginta deu ao primeiro livro do Antigo Testamento.


Gênesis é por excelência o livro da introdução maravilhosa a toda a Bíblia. Trata do começo de todas as coisas: dos céus e da terra, das plantas e dos animais e do gênero humano e de todas as instituições e relações humanas. É tipicamente a“sementeira” de toda a Bíblia, pois nele encontra-se o “embrião” de todas as doutrinas referentes a Deus,ao homem, ao pecado e à salvação. Se quisermos entender verdadeiramente a revelação de Deus, temos de iniciar nosso estudo no primeiro livro da Bíblia. É essencial compreender o conteúdo e a mensagem deste livro para estudar o restante da   Bíblia. Ele não é um livro de ciências, embora os cientistas estejam corretos em investigar suas afirmações. Não é uma obra de biografias, apesar de aprendermos muito com a vida dos homens e mulheres descritos em suas páginas. Não é um compêndio de história, embora siga o caminho da história. É um livro de teologia, apesar de não ser organizado sistematicamente. O registro de Gênesis cobre pelo menos dois mil anos. Não é inteiramente história; é uma interpretação espiritual da História. Muitas origens são registradas nos 11 primeiros capítulos: o Universo natural, a vida humana, o pecado, a morte, a redenção, a civilização, as nações e as línguas. O restante do livro, a partir do capítulo 12, trata do começo da raça hebraica, primeiro sua formação por meio de Abraão, depois seu desenvolvimento subsequente e sua história mediante as figuras importantes de Isaque, Jacó e José.

As narrações refletem tradições muito antigas,ensinadas oralmente de geração em geração até serem escritas. Se negarmos Gênesis, teremos de negar um Criador divino, uma criação divina, um Redentor divinamente prometido e uma Bíblia divinamente inspirada.

AUTOR DE GÊNESIS

O livro de Gênesis não identifica seu autor e, nenhum outro livro da Bíblia afirma explicitamente sua
autoria. Tradicionalmente ele é atribuído a Moisés e, há bons motivos para isso. Os outros livros da Torá vinculam Moisés à sua composição, e a maior parte da literatura bíblica analisa a Torá como uma unidade. Portanto, é completamente aceitável que Moisés se tenha tornado autor do conjunto.
Entretanto, ninguém pode afirmar com absoluta certeza que sabe quem escreveu o livro de Gênesis.
Ainda que, ao longo dos séculos de história até os dias atuais, judeus e cristãos ortodoxos concordam
que, Moisés foi o autor, narrador e compilador dos cinco primeiros livros da Bíblia, embora tenha contado com a ajuda de escribas e amanuenses, conforme a tradição.


A TEORIA DAS FONTES DOCUMENTÁRIAS

Por cerca de um século, os estudiosos adeptos da “hipótese documentária” tem declarado que Gênesis
é uma composição de documentos conflitantes. Afirmam isso com base em grandes descobertas arqueológicas, tecnologias e melhores métodos de pesquisa e exegese. Os inúmeros exegetas se
aproximam do Pentateuco como se fosse um documento histórico para reconstruir o passado. Este
fato serviu para fundamentar a hipótese das fontes, também denominada teoria documentaria. O alemão Julius Wellhausen deu expressão a esta teoria quando propôs que o Pentateuco foi uma compilação de quatro documentos escrito por autores diferentes e independentes durante um período de cerca de 400 anos, sendo finalmente redigido em sua forma básica por volta do quinto século a.C., ou seja, cerca de mil anos depois dos acontecimentos descritos. Wellhausen considerava as histórias bíblicas como tradições populares que funcionavam como um espelho para transmitir eventos históricos posteriores. Por exemplo, a luta entre Jacó e Esaú nada mais era do que um reflexo da inimizade entre as nações de Israel e Edom. Partindo dos critérios usados na critica literária, os críticos liberais alegaram encontrar quatro documentos diferentes dentro do Pentateuco principalmente no livro do Gênesis. Concluíram que esses documentos poderiam ser divididos levando-se em conta as variações dentro do texto. Os vários estilos, nomes divinos diferentes e repetições de narrativas confirmariam tal hipótese. Sendo assim eles classificaram como JEDS, sendo
que:

1. Documento “J” – representaria o escritor que usou o nome Jeová (YHWH) em seus documentos.
2. Documento “E” – representaria o escritor que usou o nome Elohim em seus documentos.
3. Documento “D” – representaria o código deuteronômico que seria uma redação tardia
encontrado em 621 a.C.
4. Documento “S” – representaria o ultimo escritor a trabalhar numa redação do Antigo Testamento. Ele pertencia à classe sacerdotal e viveu durante o exílio babilônico.

Dizem que o estilo da escrita de cada documento, assim como seu objetivo, difere entre si. Enquanto o documento “J” apresenta uma linguagem florida, o “S” possui a linguagem não de um historiador, mas de um jurista. Partindo deste pressuposto eles descartaram a autoria mosaica do Pentateuco. Essa teoria, contudo, ainda não consegue apoiar-se em evidencias que possam ser dadas como irrefutáveis e livres de qualquer engano. Pesquisas recentes e ainda mais apuradas nos mais variados ramos da filologia, exegese, crítica textual, linguística, história, arqueologia, ciências das línguas originais e
da literatura antiga, tendem a desfazer muitos dos interessantes e desafiadores argumentos usados
constantemente para atacar as bases bíblicas mais tradicionais, em especial a autoria mosaica do Pentateuco.

DATA

Em 1 Reis 6.1, lemos que o Êxodo ocorreu 480 anos antes do início da construção do templo de Salomão, o que nos remete a aproximadamente 1446 a.C. O período de 40 anos de peregrinação de Israel pelo deserto, que durou de 1446 a.C., até 1406, provavelmente foi a ocasião em que Moisés
escreveu (ou ditou) a maior parte do que chamamos de Torá ou Pentateuco.Os leitores devem observar, porém, que embora ocasionalmente apareçam no texto palavras conhecidas somente a partir da metade do segundo milênio, a gramática do Pentateuco foi ocasionalmente atualizada, assim como alguns nomes de lugares. Também a lista de reis em 36.31-43 foi aparentemente acrescentada após a
época de Saul. O livro termina 300 anos antes do nascimento de Moisés. Então ele só poderia ter recebido as informações mediante revelação direta de Deus (Am 3.7) ou por meio de registros históricos a que teve acesso, transmitidos por seus antepassados. Então, considerando as evidencias bíblicas e extrabíblicas que relacionam Gênesis e seu conteúdo com Moisés e a sua era, podemos concluir razoavelmente que o livro remonta ao século XV a.C.


O ATO DA CRIAÇÃO

A primeira frase dos manuscritos hebraicos das Sagradas Escrituras narra de maneira clara, assertiva e tranquila o momento da criação: Bereshit bará Elohim et Hashamaim vê et Haaretz (No princípio
criou Deus os céus e a terra). Na simplicidade dessas palavras, temos a declaração da Bíblia quanto à origem deste Universo material. Deus fez todas as coisas surgirem pela palavra do seu poder. Ele falou, e os mundos foram formados (Hb 11.3). No original hebraico que descreve a criação há duas palavras principais traduzidas como “criar”. A primeira é bará, que aparece na primeira frase do
livro, e quer dizer, no modo em que o verbo aparece, “criar do nada”, sem uso de material preexistente. A segunda palavra é jatsar, que significa “criar de material preexistente”, amoldar alguma coisa externamente assim como um escultor trabalha com a argila ou com a pedra. A primeira palavra, portanto, é usada quando Deus criou os céus e a terra do nada. A segunda palavra aparece em 2.7, quando Deus formou o homem do pó da terra (usando material preexistente, proveniente do material que havia criado do nada).

Embora, como já foi dito, o livro de Gênesis não seja um livro científico, ele apresenta informações sobre as origens e, portanto, atrai o interesse dos cientistas. Os que acreditam na Bíblia, muitas vezes
se encontram na posição desconfortável de tentar conciliar suas declarações sobre as origens com as
afirmações de teorias científicas. Contudo, é importante determinar exatamente o que as Escrituras dizem sobre o princípio. Deus criou. Essa é a afirmação fundamental de Gênesis. Mesmo que esse livro não relate a criação de todas as coisas, não há espaço para qualquer outro criador. É possível, dependendo da tradução de Gênesis 1.1, que a matéria-prima já existisse quando a narrativa do livro começa. Mas não se pode deduzir com isso que Deus não tenha sido seu Criador.

Explicar como Deus criou tudo do nada é impossível. Mesmo assim, é lógico e racional crer que Deus criou todas as coisas com inteligência e diligencia, do que crer que tudo veio do acaso após uma grande explosão ou de um processo natural de evolução, como querem muitos ainda hoje. Como Deus criou? O texto destaca que Deus criou com o poder de Sua Palavra, mas para os defensores da teoria da evolução, isso não elimina a possibilidade de Deus ter apenas impulsionado a sequência evolutiva. Os que rejeitam essa teoria argumentam que a função de Deus como criador evidencia seu controle soberano. Eles acreditam que a natureza arbitrária dos processos incluídos na teoria da evolução constituem uma ameaça contra o controle de Deus na criação. Pelo fato de a evolução ser definida em termos exclusivamente naturais, ela é inaceitável para a teologia de Gênesis, porque a criação, pela narração das Escrituras, é sobrenatural. O relato da criação não tem a pretensão de apresentar uma explicação sobre a origem de todos os fenômenos naturais, e sim abordar os aspectos
mais práticos da criação que cercam nossas experiências de vida e sobrevivência. Ao longo do primeiro capítulo o autor narra como Deus instituiu períodos alternados de luz e trevas, que é a base do tempo. A narrativa menciona primeiramente a tarde, porque o primeiro período de luz está se findando. O autor não se aventura numa análise das propriedades físicas da luz, nem está preocupado com sua fonte ou energia geradora.


A IDADE DA TERRA

Deus criou o mundo em sete dias? A estrutura de sete dias de Gênesis 1 tem sido motivo de
controvérsias até entre interpretes conservadores. Embora alguns a tenham usado como base para a defesa científica da terra como um planeta “jovem”, outros alegam que a estrutura de sete dias serve
apenas de recurso literário, não de guia cronológico. A dificuldade surge em parte, porque fazemos
perguntas que as Escrituras nunca tiveram a intenção de responder. O objetivo do texto não é saciar nossa curiosidade sobre questões científicas, mas revelar- nos a natureza divina. A ciência tenta explicar as origens sem Deus; as Escrituras insistem que o aspecto mais importante das origens é a criação divina. Essas duas filosofias realmente não podem coexistir. Tentativas de conciliar a perspectiva bíblica com a científica são aceitáveis desde que não comprometam as afirmações da Bíblia. Quantos anos tem a Terra? Os cientistas tem encontrado evidencias de que a terra é antiquíssima. Isso cria um conflito entre eles e certos cristãos que acreditam que a Bíblia diz claramente que faz pouco mais de seis mil anos que Deus criou o Universo. O cristão deve reconhecer certos fatos ao interpretar a narrativa da criação. Em primeiro lugar, Gênesis não apresenta datas, e não se pode levar em consideração as genealogias para efetuar cálculos
exatos, pois nelas há alguns vazios. Mesmo considerando os grandes avanços científicos atuais e as melhores análises exegéticas e teológicas, não é possível precisar a idade do Universo nem quanto tempo levou o ato da criação. É provável que milhões de anos tenham passado entre os versículos 1 e 2 de Gênesis. O certo é que Deus é o Senhor do tempo, espaço, matéria e de toda a energia, e não se deixa limitar por nenhuma dessas dimensões. A palavra “dia” para Deus pode significar o período de 24 horas como também toda uma era geológica de extensão indefinida.

A palavra hebraica usada em Gênesis 1 para dia ( yôm ) pode ser utilizada para designar tanto um
período de 24 horas como uma representação simbólica. Existem várias passagens na Bíblia em que yôm é usada num contexto não-literal, como em “o dia do Senhor”, sem que isso signifique 24 horas. Agostinho de Hipona em seus livros Comentário ao Gênesis ; Confissões e a Cidade de Deus, repetidas vezes volta para questão do tempo em relação ao capítulo 1 de Gênesis, concluindo que Deus se encontra fora dele e não conectado a ele (2 Pedro 3.8 declara isso de modo explícito: “Mas, amados, não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia ”). Isso leva Agostinho a questionar a duração dos sete dias literais da criação.Por fim, Agostinho escreve: “Que tipo de dias eram aqueles, para nós, é extremamente difícil ou talvez impossível, conceber”. Diversas interpretações continuam a ser difundidas sobre o significado de Gênesis 1 e 2. Algumas em particular oriundas de cristãos sinceros, insistem em uma interpretação completamente literal, incluindo os dias de 24 horas. Com base em informaçõesgenealógicas do Antigo Testamento que vieram em seguida, chegam à conclusão que Deus criou oscéus e a terra a menos de 10 mil anos. Cristãos igualmente sinceros não aceitam a condição de que os dias da criação tinham 24 horas, embora aceitem a narrativa como uma representação literal e sequencial dos atos criativos de Deus. Apesar dos 25 séculos de debate entre ciência e religião, é justo dizer que nenhum ser humano sobe interpretar com precisão Gênesis 1 e 2.

A TEORIA DO CAOS

Devido às últimas descobertas arqueológicas e o crescente interesse pela ciência nas últimas décadas,
vem ganhando força em nosso meio e nos círculos teológicos, a chamada Teoria da Lacuna, também
conhecida como Teoria do Caos, Teoria do Intervalo ou Teoria da Ruína-Restauração, que representa uma aproximação entre criacionismo bíblico, darwinismo, cosmogonias (mitologia) e cosmologias modernas. Essa teoria foi defendida em 1876 por C. H. Pember em sua obra As Idades Mais Remotas da Terra e a conexão delas com o Espiritualismo Moderno e a Teosofia. Outro defensor foi o Dr. Artur Custance, autor do livro Sem Forma e Vazia . Chambers a tornou popular utilizando-se das notas da Bíblia de Referência Scofield (1917). No Brasil, tornou-se conhecida através da obra de N. Lawrence Olson, O Plano Divino Através dos Séculos . Não é por menos que a teoria em discussão seja contestada pelos teólogos cristãos, visto que está repleta de erros, bíblica e teologicamente falando. Os defensores da teoria do caos ensinam acerca de um pré-mundo habitado pelos anjos e por uma raça pré-adâmica. Esses habitantes teriam se rebelado juntamente com Satanás e por isso teriam recebido o juízo de Deus através de uma grande inundação, conhecida como “o dilúvio de lúcifer”, onde homens pré-históricos e dinossauros foram destruídos. De acordo com os defensores dessa teoria, a terra teria sido criada perfeita para ser habitada, mas devido ao juízo de Deus sobre a civilização anterior a Adão, o mundo veio a se tornar caótico e desabitado. Então, dizem eles, isso explica o fato de haver desordem e caos em Gn. 1.2. Todavia, o texto de Gênesis está nos ensinando que Deus criou todas as coisas e que o escritor está fazendo alusão ao primeiro estado da matéria.
Se “bará” (verbo criar no hebraico) e “kitzo” (no grego) estão associados aos atos criativos de Deus
ou ao que somente Deus pode fazer, visto que são ações impossíveis aos agentes humanos (Gn. 1.21,
27; 2.3,4; Dt. 4.32; Jó 38.7; Sl.51.10; Is. 40.26, 28; 42.5), temos por outro lado no latim a expressão
creatio ex nihilo que, igualmente, nos conduz à noção do criado a partir do nada. Não é demais lembrarmos aqui as palavras do autor do livro aos Hebreus: “Pela fé entendemos que os mundos pela
Palavra de Deus foram criados, de modo que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente” (Hb. 11.3).

Portanto, o mundo foi criado pela Palavra a partir do nada e Deus não se valeu de matéria pré-existente ou modelos anteriores, nem mesmo no mundo espiritual co o pretendem alguns, mas a Bíblia revela que a primeira matéria era informe e que o Espírito de Deus movia-se sobre a matéria recém-criada dando forma ao informe, enchimento ao vazio e ordenando o caótico. Muitos cristãos, mesmo alguns fundamentalistas, se deixaram levar por essa associação equivocada entre criação e evolução para defenderem a proposta de que Deus apenas teria dado o toque inicial e daí em
diante passou a ser um supervisor da ordem evolutiva – isso mais parece deísmo. Mas a Bíblia
afirma em Gn. 1.1: “No Princípio Criou Deus os Céus e a Terra” e os versículos seguintes mostram Deus como o escultor em toda a obra criadora do universo. Os lacunistas dizem que a expressão de Gn. 1.2 contendo “waw” , que corresponde à nossa conjunção “e” , permite a mudança do verbo do perfeito para o imperfeito. Assim, “era” pode ser traduzido por “tornou-se” ou “veio a ser” – alguns estudiosos do hebraico negam essa possibilidade, entre eles, Frederick Ross e Bernard Northrup, mas outros afirmam positivamente. Citam ainda, os defensores da teoria do caos, Isaías 45.18 “… o Deus que formou a terra e a fez; ele a estabeleceu, não a criou vazia, mas a formou para que fosse habitada…” . Para mostrarem que a terra foi habitada anteriormente, apresentam citação isolada, tirada de seu contexto e, portanto, nada podem provar. Os teóricos da matéria em questão intencionalmente esquecem ou evitam o que está escrito no versículo 12a: “Eu fiz a terra e
criei nela o homem”. O resumo é que a terra em seu estado primeiro, a primeira substância, era sem forma (heb. “bohu” ) e vazia (heb. “wabohu” ), e isso dá uma dimensão da obra criadora de um Deus Pessoal, que tem intelecto, sentimento e vontade, e por isso ordenou todas as coisas com inteligência, beleza e amor. Outro fator importante no relato da criação é a posição do escritor do Gênesis em sua confrontação com as narrativas existentes, negando as concepções mitológicas de seu tempo ou anteriores a ele. A Bíblia revela que houve um princípio, quando a matéria era ainda um caos, e o Deus Criador, por sua Palavra deu forma ao informe e encheu o vazio de vida e beleza, ordenando todas as coisas em seu lugar e estabelecendo leis perpétuas.


A CRIAÇÃO DO HOMEM

“ E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os
peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que
se move sobre a terra” (1.26). O homem ser a “imagem de Deus” significa ser dotado das faculdades de raciocinar, de expressar emoções e de agir voluntariamente. Particularmente, indica a capacidade que o homem tem de manter íntima comunhão com seu Criador. Deus fez o homem como coroa da criação. O fato de que os membros da Trindade terem falado entre si indica que este foi o ato transcendental e a consumação da obra criadora. Deus criou o homem para ser tanto do mundo espiritual como do mundo terreno, pois tem corpo, alma e espírito.

A QUEDA DO HOMEM

Um dos temas centrais de Gênesis é a introdução do pecado no mundo e seu impacto sobre a história da humanidade. Quando Adão e Eva foram criados, a imortalidade estava a seu alcance, pois a árvore da vida fora colocada no jardim para seu usufruto. Quando caíram em tentação, foram expulsos e o
acesso à Árvore lhes foi negado. O desejo de serem iguais a Deu cousou a desobediência, e ele incluía o desejo de independência, como os filhos anseiam ser independentes dos pais e tomar as próprias decisões. O castigo foi adequado e lógico. A independência geralmente traz separação, e assim se deu no relacionamento de Adão e Eva com Deus. Daí em diante vários ciclos de pecados e castigos fizeram parte do inicio da história do homem. Para Adão e Eva, Caim e Abel, o pecado era de natureza individual. Nas ações de Lameque (4.23-24) e na conduta dos “filhos de Deus” (6.1-4), podemos identificar a expansão do pecado em direção às instituições da sociedade (família e governo). Na época de Noé, o pecado se infiltrara completamente na humanidade. A destruição pelo Dilúvio, não eliminou o pecado, pois ele progrediu mais uma vez. A eleição de Abraão não pôs fim ao pecado. As trapaças de Jacó são particularmente chocantes. Jacó conseguiu a benção para si ao se disfarçar de Esaú (cap. 27), mas tornou-se vítima do mesmo logro quando se casou com Lia, disfarçada de Raquel. Mas pungente foi a fraude seus filhos, que mostraram a túnica ensanguentada para convencer Jacó de que José estava morto. Quanto ao tema pecado e castigo, vemos não somente a misericórdia de Deus bem como a sua justiça. No Gênesis, Adão está ligado aos patriarcas e, através deles, por genealogia, ao resto da raça humana (caps. 5; 10 e 11), fazendo dele uma parte da história, tanto quanto Abraão, Isaque e Jacó. Todos os principais personagens do Livro de Gênesis, depois de Adão são mostrados claramente como pecadores de um modo ou de outro, e a morte
de José, como a morte de quase todos os outros na história, é cuidadosamente registrada. A afirmação de Paulo: “Em Adão, todos morrem ” (1Co 15.22) só torna explicito aquilo que Gênesis já deixa
claramente implícito. É razoável afirmar que a narrativa da queda sozinha dá uma explicação convincente para a perversão da natureza humana. Pascal disse que a doutrina do pecado original parece uma ofensa à razão, porém, uma vez aceita, dá sentido total à condição humana. Ele estava certo; e a mesma coisa poderia e deveria ser dita a respeito da própria narrativa da queda.

A CIVILIZAÇÃO ANTES DO DILÚVIO

A civilização anterior ao Dilúvio é chamada
antediluviana e pereceu sob o julgamento das águas.
Foi iniciada por Caim e terminou em destruição. A
Bíblia ensina, e os arqueólogos confirmam que os
homens que viveram antes do dilúvio não eram
selvagens; já tinham atingido um considerável grau
de civilização. Em Gênesis 4.17-22, é mencionado
seu progresso. Embora não se saiba muita coisa
sobre os antediluvianos, alguns lugares que
habitaram foram descobertos, e remanescentes das
suas obras confirmam uma civilização como a Bíblia
parece descrever.
Em três cidades, Ur, Quis e Fara, o depósito
sedimentar deixado pelo dilúvio foi descoberto pelo
professor Woolley, arqueólogo enviado pelo Museu
Britânico e pela Universidade da Pensilvânia. Debaixo
dos depósitos diluvianos em Ur, ele encontrou
camadas de detritos cheias de instrumentos de
pedra, cerâmica colorida e tijolos queimados. O
mesmo se deu com as outras duas cidades.

O DILÚVIO
A narrativa do Dilúvio na Bíblia é muito simples e
direta. A história não é contada para ser assustadora
ou interessante, mas para ser um acontecimento da
história da redenção. O mal tinha crescido
desenfreadamente, ameaçava destruir tudo o que
havia de bom; só restava um homem justo, Noé.
Deus revelou a Noé seu plano de destruir a raça
corrupta e de salvá-lo junto com sua família e, por
ele, a humanidade inteira.
Deus foi longânimo com os homens. Noé os advertiu
por 120 anos, enquanto construía a arca. Mesmo
depois que Noé e sua família entraram na arca,
levando consigo dois de cada espécie de animais
imundos e 14 de cada espécie de animais limpos,
houve um intervalo de sete dias antes que
começasse a chover, mas as misericórdias de Deus
foram recusadas e, como resultado os homens
pereceram (caps. 6 e 7). Noé e sua família foram
salvos do Dilúvio pela arca. Eles permaneceram na
arca aproximadamente um ano solar. Noé viria a ser
o segundo pai da raça humana.
O propósito do Dilúvio era tanto destrutivo como
construtivo. A linhagem da mulher corria o perigo de
desaparecer completamente pela maldade dos
homens. Por isso Deus exterminou a incorrigível raça
velha para estabelecer uma nova.
A extensão do Dilúvio foi universal ou limitado à área
do Oriente Médio? Alguns pensam que o Dilúvio
aconteceu apenas na terra habitada daquele tempo,
pois o propósito divino era destruir a humanidade
pecaminosa. Dizem que o uso bíblico da expressão
“toda a terra” significa a terra conhecida pelo autor
de Gênesis.
Os que creem que o Dilúvio foi universal notam que o
relato bíblico emprega expressões fortes e as repete
dando a impressão de um Dilúvio universal.
Perguntam: Qual era a extensão da população
humana? Parece-lhes possível que a população
tenha se estendido até à Europa e África. Certos
estudiosos creem que as grandes mudanças na
crosta terrestre e repentinas e drásticas alterações
no clima de áreas geográficas, como Alasca e
Sibéria, podem ser atribuídas ao Dilúvio.
Após o Dilúvio, a benção foi renovada, mas a
degeneração ocorreu rapidamente. O autor continua
a argumentar a favor do efeito insidioso da natureza
corrompida do homem, vista até nos filhos de Noé.
Cremos ser este o limiar da nova alma corrompida
do homem ao iniciar a construção da torre de Babel
na planície de Sinear (11.1-4). Por isso Deus impôs
limites a capacidade das pessoas de unir-se em
rebelião. Ele realizou isso ao fazer com que falassem
línguas diferentes, ocasionando a dispersão
geográfica (11.7-8).


OS PATRIARCAS E O POVO ELEITO
Apesar da maldade do coração humano, Deus quis
mostrar sua graça. Ele queria um povo escolhido:
1. A quem pudesse confiar as Sagradas Escrituras;
2. Que fosse sua testemunha a outras nações;
3. Mediante o qual o Messias pudesse vir.
Na extremidade oriental, na cidade de Ur na Caldéia,
vivia o hebreu Abraão. Deus chamou Abraão para
deixar seu lar de idolatria, e ir para uma terra
desconhecida onde Deus o faria pai de uma grande
nação (12.1-3). Assim começa a história de Israel, o
povo escolhido de Deus.
Dos capítulos 12 ao 22 é apresentada a história
variada da instituição da aliança entre Abraão e o
Senhor. Depois de Abraão deixar sua terra, os
quarenta ou cinquenta anos seguintes foram de
suspense contínuo em relação à realização das
promessas de Deus a ele.
A abordagem principal do narrador é apresentar
diversos elementos que colocam em risco as
promessas da aliança. À medida que cada obstáculo
é superado, outro passo é apresentado para se
chegar ao cumprimento das promessas. Os
obstáculos apresentam formas variadas de herdeiros
substitutos ou situações que ameaçam os
personagens principais.
A primeira ameaça surgiu quando Abraão e Sara
foram para o Egito para escapar da fome em Canaã.
O perigo era que o faraó se apossasse de Sara para
seu harém. A ameaça foi eliminada quando o casal
foi mandado embora do Egito.
O primeiro obstáculo a superar com relação ao
herdeiro foi a esterilidade de Sara e a presença do
sobrinho de Abraão, Ló. Como Abraão e Sara não
tinham filhos, Ló era o herdeiro mais provável. O
empecilho foi resolvido quando Ló escolheu a
planície próximo de Sodoma, o que o separou de
Abraão (cap. 13).
A narrativa continua no capitulo 15 com a
apresentação do segundo herdeiro substituto, Eliézer,
chefe da casa de Abraão. O Senhor porém mostrou
que o herdeiro seria filho do próprio Abraão e mais
um obstáculo foi removido.
No capítulo 16 , o terceiro herdeiro entrou em cena.
Nesse episódio Sara sugeriu que Abraão devia tomar
uma escrava da casa como esposa substituta para
que a linhagem continuasse. Dessa forma nasceu
Ismael, filho legitimo de Abraão, conforme os
costumes da época.
Treze anos se passaram durante os quais Abraão
considerou Ismael seu herdeiro. Abraão ficou
surpreso ao ouvir do Senhor que o herdeiro
prometido ainda não nascera e seria filho natural
dele com Sara (15.21). Essa mensagem foi
confirmada pela visita dos três homens à tenda de
Abraão (cap. 18).
O capitulo 20 descreve o episódio no qual Sara
estava prestes a ser levada para o harém de
Abimeleque, rei de Gerar. Abraão havia usado para
com o rei a mesma estratégia que havia usado no
Egito, ou seja, dizer que Sara era sua irmã. De Novo
o Senhor interviu e evitou que o problema fosse
maior.
Finalmente nasceu Isaque, o filho tão esperado (cap.
21). Mas Deus pede a Abraão que lhe sacrifique o
filho (cap. 22). Todas as barreiras anteriores tinham
decorrido de erros humanos. Esta agora vinha do
próprio Deus. Quando essa última ameaça foi
eliminada, as promessas foram repetidas a Abraão
(22.16-18).
Abraão foi chamado “amigo de Deus”. Deus fez uma
aliança com ele pela qual seria o pai de uma grande
nação e por meio dele as nações da terra seriam
abençoadas. Seus descendentes receberam um
cuidado especial de Deus que os tratou como a
nenhum outro povo. Sempre se fala dos judeus como
o povo escolhido.
O Senhor elegeu incondicionalmente os patriarcas,
Abraão, Isaque e Jacó, e prometeu fazer de sua
descendência eleita a nação destinada a possuir e
abençoar a terra (12.1-3; 13.15-16; 17.1-8; 26.2-6;
28.10-15).
Por meio de Isaque, filho de Abraão, as promessas
passaram para Jacó, o qual, apesar de suas muitas
faltas, deu valor à benção da aliança de Deus. Ele
tinha entusiasmo pelo plano de Deus de fundar uma
nação por meio da qual o mundo todo seria
abençoado.
Antes de Jacó nascer e ter praticado o bem ou o
mal, Deus o escolheu, e não a Esaú, o seu irmão
gêmeo mais velho (25.21-26). Ele escolheu Jacó,
apesar deste ter trapaceado contra seu irmão,
enganando seu pai para receber a benção que
deveria ser do primogênito (cap. 27). Deus não levou
em conta os costumes e tradições quando escolheu
o filho mais jovem, Jacó, e não o mais velho, Esaú.
Jacó em suas peregrinações sofreu por causa do
seu pecado, mas a disciplina de Deus fez dele um
grande homem. Seu nome foi mudado para Israel,
um príncipe que lutou com Deus (23.28). Esse é o
nome pelo qual a nação foi chamada. Seus doze
filhos se tornaram cabeças de doze tribos de Israel
(cap. 49).
Deus inclinou o coração dos seus eleitos a confiarem
em suas promessas e a obedecerem aos seus
mandamentos. Contra toda a esperança, Abraão
confiou que Deus lhe daria uma descendência
incontável e o legislador diz que Deus lhe imputou
isso como justiça (15.6). Confiantes nas firmes
promessas de Deus, Abraão renunciou aos direitos
sobre a terra, dando a Ló o direito de escolher as
melhores pastagens (cap.13) e Jacó, agora chamado
Israel e apegando-se somente em Deus devolveu
simbolicamente o direito de primogenitura a Esaú
(cap. 33). No começo da narrativa sobre José, Judá
vendeu José como escravo (37.26-27), mas no fim,
Judá se dispõe a tornar-se escravo em lugar de seu
irmão Benjamim (44.33-34). Firmado na verdade de
que o desígnio de Deus trouxera o bem a partir de
pecados tão atrozes cometidos por seus irmãos
contra ele, José os perdoou sem recriminação
(45.4-8; 50.24).


ISRAEL NO EGITO
Deus prometeu a Abraão que seus descendentes
herdariam a terra de Canaã. Segundo a promessa de
Deus essa terra se estenderia desde o Nilo até o
Eufrates (15.18). Israel nunca ocupou toda a terra
que Deus lhe prometeu, e parece que a promessa se
cumprirá cabalmente no período do Milênio. Os
hebreus ocuparam Canaã no tempo de Josué, mas
só chegaram ao apogeu quanto à extensão territorial
durante o reinado de Davi.
Deus havia revelado a Abraão que sua descendência
passaria quatrocentos anos na terra alheia
(15.13-16). A paciência de Deus esperaria até que a
maldade dos povos de Canaã chegasse ao ponto
máximo antes de destruí-los e entregar a terra deles
a Israel. É evidente também a necessidade de que os
hebreus fossem para o Egito. A aliança matrimonial
de Judá com uma cananéia e sua conduta
vergonhosa descrita no capítulo 38, indicam-nos o
perigo que havia em Canaã de que os hebreus se
corrompessem por completo e perdessem seu
caráter essencial. No Egito os hebreus não seriam
tentados a casar-se com mulheres egípcias nem a
misturar-se com os egípcios, pois estes
desprezavam os povos pastores, como eram os
israelitas (46.34). Além do mais, tão logo os
cananeus reconhecessem os planos dos israelitas de
estabelecer-se definitivamente em Canaã e
assenhorear-se de suas terras, iniciariam uma guerra
para tentar exterminar os descendentes de Abraão.
Tal coisa não tinha perigo de suceder em Gósen. Ali,
sob a proteção do poderoso faraó, os hebreus
poderiam multiplicar-se e desenvolver-se até chegar
a ser uma nação poderosa e numerosa, com força
para vencer os cananeus.
Para que tudo isso fosse possível, Deus enviou José
para o Egito. Mesmo seus irmãos tendo-o vendido e
ele tendo ido servir de escravo depois prisioneiro na
terra dos faraós, tudo aconteceu por providência
divina (50.20). José chegou ao poder sendo o
segundo homem no governo dos egípcios, tendo
acima dele apenas o faraó.
Quando Jacó e seu povo vieram para o Egito fugindo
da fome em Canaã, eles eram sessenta e seis
pessoas. E foi desse pequeno número que Deus fez
surgir a grande nação de israelitas.


CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS
Pelo estudo da estrutura literária de Gênesis,
destacam-se os seguintes aspectos. Após o prólogo,
Gênesis divide-se em partes, cujo inicio é
caracterizado pela fórmula: “Esta é a genealogia (ou
história) de”. Esse titulo é seguido por uma
genealogia das pessoas referidas ou por episódios
envolvendo descendentes mais notáveis.
A chave para compreensão das narrativas é
geralmente oferecida em uma revelação que serve
de abertura às mesmas: por exemplo, a promessa a
Abraão (12.1-3), o sinal da rivalidade entre Jacó e
Esaú (25.22-23), e os sonhos de José (37.1-11).
A narrativa concentra-se muitas vezes na vida de um
filho mais novo em detrimento do primogênito. Sete
em detrimento de Caim, Sem em detrimento de Jafé,
Isaque em detrimento de Ismael, Jacó em
detrimento de Esaú, José em detrimento de Judá e
Efraim na frente de Manasses. Esse realce
dispensado a homens divinamente escolhidos e a
suas famílias é talvez a característica literária mais
evidente no livro de Gênesis como um todo. Ressalta
de modo notável que o povo de Deus não é produto
de acontecimentos humanos e naturais, mas resulta
da intervenção soberana e misericordiosa de Deus na
história da humanidade. Deus levanta da espécie
humana decaída, nova humanidade consagrada a ele,
chamada e destinada para ser seu povo de seu reino
e canal de bênçãos para toda a terra.
A seção que conclui a última narrativa contém fortes
vínculos com o livro de Êxodo, terminando com um
juramento que José obteve de seus irmãos de que,
quando Deus viesse em seu socorro e os
reconduzisse a Canaã, levariam consigo o seu corpo
embalsamado (50.24-25; Êx 13.19).


TEMATEMA E MENSAGEM
Gênesis trata dos começos, do céu e da terra; da luz
e das trevas; dos mares e da atmosfera; dos solos e
da vegetação; do sol, da lua e das estrelas; dos
animais marinhos, aéreos e terrestres; dos seres
humanos; do pecado e da redenção; da benção e da
maldição; da sociedade e da civilização; do
casamento e da família. A lista poderia estender-se
indefinidamente.
Moisés apresenta todo o conteúdo de sua obra de
modo simples e prático; não tem a preocupação em
provar coisa alguma, pois apenas escreve o que
Deus lhe mandou dizer e essa a maior e mais
evidente demonstração da verdade que envolve os
relatos bíblicos. A Bíblia não é um manual técnico,
filosófico, terapêutico ou moral; é a Palavra de Deus.
E isso basta.
Várias histórias são contadas, e podem ser bem
identificadas, sendo que algumas dessas histórias
são condensadas; contudo, são decisivas para uma
compreensão clara e acertada do conteúdo geral do
livro. Com certeza o autor usou fontes informativas,
orais e escritas; pois seus relatos remontam aos
tempos mais primitivos da origem da raça humana.
O livro de Gênesis é absolutamente fundamental
para que possamos compreender todo o restante da
Bíblia. Gênesis é também uma obra que trata de
relacionamentos, ressaltando a interação de Deus
com a natureza e, sobretudo com os seres humanos,
e estes entre si. O livro é absolutamente monoteísta,
afirmando por certo e claro a existência de Um só,
Eterno e Soberano Deus, digno, portanto, desse
nome: DEUS. A obra faz evidente oposição à idéia de
que existam muitos deuses espalhados pelo
Universo.
O objetivo da narrativa de Gênesis é estabelecer o
fato de que Javé estava seguindo soberanamente
um plano histórico. O homem foi criado com todas
as vantagens e colocado cuidadosamente por Deus
em uma situação ideal. Isso é importante, pois nos
leva ao próximo aspecto da mensagem do livro.
Foram homem e mulher que abalaram o equilíbrio e
causaram a triste condição de nossa existência atual.
O fracasso contínuo da humanidade levou Javé a
enviar o Dilúvio, espalhando o povo da planície de
Sinear e, finalmente agir por meio de um homem,
Abraão, e sua família. A mensagem do livro é
oferecer isto como explicação da escolha de Javé de
agir por intermédio de um povo eleito. Este é seu
plano de auto-revelação. Além disso, demonstra-se
que não foi por mérito da parte de Abraão que Deus
o escolheu. Pelo contrário, foi um ato de soberania
de Deus. Abraão merece o reconhecimento por
obedecer e confiar que Javé cumpriria suas
promessas.
A mensagem das narrativas patriarcais é que por
meio de muitas situações difíceis os patriarcas e, em
particular, o Senhor perseveraram para conseguir a
instituição da família de Abraão. O texto não hesita
em mostrar as deficiências de Abraão e de sua
família, mas Deus é fiel e, de forma constante e
providencial, obteve resultados positivos apesar das
circunstâncias ruins.
Essa é a mensagem teológica do livro. Também
existem outros níveis nos quais Gênesis possui
mensagens. Do ponto de vista geográfico, o livro
demonstra que Abraão e sua família eram de origem
mesopotâmica, mas passaram três gerações em
Canaã antes de descer ao Egito. Isso é significativo
para sua identidade étnica e teológica.
Finalmente Gênesis também procura explicar a
organização de Israel. A mensagem esclarece os
relacionamentos entre as doze tribos e relata a
preeminência de umas e obscuridade de outras. As
mensagens geográficas (viagem dos patriarcas),
sociologia e polemica devem ser consideradas pelo
compilador temas que pretendia abordar. Contudo,
devem ser julgadas secundárias em relação à
teologia na qual a aliança e Javé são fundamentais.


A BENÇÃO PROFÉTICA DE JACO
Do capítulo 46 ao 49, Jacó é a pessoa que mais se
sobressai e demonstra ser o patriarca digno do novo
nome que lhe fora dado por Deus em Peniel
(32.27-28). Jacó Havia passado pela escola do
sofrimento, incluindo sua fuga de Esaú, suas
dificuldades com Labão, a morte de sua amada
Raquel, a humilhação sofrida por sua filha Diná e os
muitos anos de solidão, durante os quais guardou
luto por José. Não foi para o Egito como um
refugiado, mas como chefe de uma família que,
segundo a promessa de Deus, converter-se-ia em
nação.
No penúltimo capítulo do livro de Gênesis temos a
benção de Jacó para seus filhos (cap. 49). E ele
inicia a benção deixando bem claro que está
profetizando “Depois chamou Jacó a seus filhos, e
disse: Ajuntai-vos, e anunciar-vos-ei o que vos há de
acontecer nos dias vindouros ” (49.1).
Jacó profetizou com assombroso discernimento as
características das doze tribos.
A mais importante benção e a profecia mais
transcendente do capítulo é a que se refere a tribo
de Judá (49.8-12). Jacó compara Judá ao leão por
sua valentia, força irresistível e supremacia sobre as
outras tribos. Historicamente Judá foi posta à
cabeça do acampamento israelita durante a
peregrinação pelo deserto (Nm 22.2-9; 10.14), foi
divinamente designada para ser a primeira em
retomar a guerra contra os cananeus após a morte
de Josué (Jz 1.1-2). Seu exército no período de Davi
representava mais de um terço da totalidade dos
soldados israelitas (2Sm 24.9). Jacó profetizou: “ O
cetro não se arredará de Judá, nem o legislador
dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se
congregarão os povos ” (24.9).
À tribo de Judá foi concedida a grande honra de ser
a progenitora da dinastia real, a casa de Davi. Pela fé
Jacó olhou para o futuro longínquo e contemplou a
vinda do Messias. Judá exerceria a autoridade real
sobre as outras tribos “ até que venha Siló”. Não é
claro o significado da palavra “Siló ” no idioma
hebraico, porém muitos estudiosos da Bíblia a
interpretam como “Pacificador” ou “aquele a quem
pertence do direito real”. Outra interpretação indicaria
que o cetro ou símbolo real estaria em mãos de
sucessivos reis de Judá até que viesse o Rei a quem
Deus reservava o direito de reinar sobre todas as
nações. Um rei de justiça e paz, ou seja, JESUS
CRISTO.

DÚVIDAS FREQUENTES SOBRE GÊNESIS
Existiu uma raça anterior a Adão?

Obs:(Há um estudo completo com essa tese aqui no nosso blog, esse estudo está com o título de ; ADÃO O PRIMEIRO HOMEM NA TERRA?)

A fim de tentar explicar a pluralidade das raças que
povoam a Terra, alguns têm proposto que Deus criou
outras pessoas antes de Adão e Eva, ou juntamente
com eles. Outros tomados por um delírio exacerbado
chegam a propor que Deus criou outros seres
humanos, além do primeiro casal (Adão E Eva), não
somente para povoar a terra, mas também para
habitar outros planetas. Com isso querem dar
existência a Ovnis e aos seres extraterrestres.
Não há um só versículo na Bíblia que abone tal
afirmação. Não encontramos nenhuma passagem
bíblica que afirme que Deus tenha criado outros
seres humanos para habitar a terra ou outro planeta.
Essa afirmação é fruto de uma teoria conhecida
como “Poligenismo”, que não tem nenhum amparo
nas Escrituras Sagradas.
De acordo com a Bíblia, o primeiro e único homem
criado diretamente por Deus foi Adão por meio do
qual fez Eva (Gn 1.26-28; 2.7,18-24) e, a partir
desse casal toda a terra passou a ser povoada. Essa
teoria é conhecida por Monogenista e tem o total
amparo nas Escrituras (At 17.26; Rm 5.12; ICo 15.45;
ITm 2.13).
Com explicar a existência da luz antes da criação
dos luminares?
De acordo com a cronologia dos dias da criação, no
primeiro dia Deus disse: “Haja luz. E houve luz ”. Não
obstante, foi somente no quarto dia que Deus criou
os grandes luminares (1.3, 14-17).
A pergunta é: se o sol, a lua e as estrelas só foram
criados no quarto dia, que luz é essa que Deus criou
no primeiro dia? Como explicar a existência da luz
antes da criação dos luminares?
A fim de solucionar essa aparente contradição,
alguns têm proposto que essa luz seria uma luz
cósmica. Mas esta hipótese deve ser descartada por
uma simples razão, o cosmo ainda não existia já que
a luz foi o primeiro ato da criação de Deus.
A única explicação plausível que nos resta, usando
Ap 21.23; 22.5 e 2Co 4.6, é que essa luz, a qual foi
criada no primeiro dia da criação, procede do próprio
Deus, a fonte de toda luz o qual também é o Pai das
luzes (Tg 1.17).
O propósito de Deus trazer a luz antes da criação
dos luminares é mostrar de forma clara que ele é a
fonte de toda a luz. Tudo depende dele. Deus é a
causa primária a partir do qual tudo existe. A luz
precede a luz dos astros, seja o sol, seja a lua ou as
estrelas, e existe independentemente destes.
Deus sabia que Adão iria pecar?
A resposta é sim! Apesar dos adeptos da teologia
relacional, teologia do processo ou teísmo aberto
defenderem a idéia de que Deus abriu mão de seus
atributos incomunicáveis e tornou-se um parceiro do
homem na construção da história e, portanto, não
sabe o que vai acontecer amanhã. De acordo com os
ensinos gerais das Sagradas Escrituras, Deus sabe
todas as coisas: o passado, o presente e o futuro.
Nada está fora do alcance do seu conhecimento ou
de seu controle.
A Bíblia ensina, de forma irrefutável, que Deus é
onisciente. A Onisciência de Deus, um dos seus
atributos incomunicáveis, é uma das verdades
centrais da fé cristã.
Uma das passagens clássicas sobre a onisciência de
Deus está registrada no Salmo 139.
Portanto, à luz das provas bíblicas, podemos
responder que sem sombra de dúvidas: Deus sabia
que Adão iria pecar.
Então porque Deus não impediu o pecado de Adão?
Deus não impediu Adão de pecar por causa da
liberdade que ele mesmo outorgou ao homem.
O homem foi criado por Deus como um ser
moralmente livre; e, ao interferir no livre arbítrio do
homem, apesar de ser soberano, Deus fere o
princípio da liberdade fazendo com que o homem o
obedeça por imposição e não voluntariamente ou por
amor. De outra forma não seria obediência voluntária,
mas imposição. E, é justamente por essa e por
outras razões que Deus não impediu Adão de pecar.
O que era o sinal de Caim?
A palavra hebraica usada aqui não indica que esse
sinal fosse uma tatuagem ou mutilação, geralmente
infligidas a escravos ou criminosos (mencionado no
Código Hamurabi). Compara-se melhor à marca de
proteção divina colocada na testa dos inocentes em
Jerusalém citada em Ezequiel 9.4-6. Pode ser um
sinal externo, que levaria outros a tratá-lo com
respeito e cuidado. O certo é que não há como
afirmar que sinal era este.
Era normal a escrava gerar filhos com o marido da
patroa?
A estranha prática de Sara, Rebeca e Lia que
quiseram reparar a humilhação de sua esterilidade
entregando suas escravas ao marido para obter
descendência (16.1-3; 30.1-4, 9-10), é aceita hoje
pelos leitores da Bíblia como uma prática normal na
época. Depois do descobrimento das tabuletas dos
arquivos reais de Nuzi (cidade da Mesopotâmia),
pode-se saber que tal atitude era habitual na região
norte da Mesopotâmia, durante o segundo milênio
a.C. Em tais casos as leis de Nuzi protegiam a
escrava e os seus filhos diante de possíveis ciúmes
da esposa. Por exemplo, elas não podiam ser
expulsas de casa. Tal determinação não foi cumprida
no caso de Agar e Ismael que por causa dos ciúmes
de Sara e da fraqueza de Abraão, foram mandados
embora (21.8-14).


CONCLUSÃO

O que começou em Gênesis cumpre-se em Cristo. A
genealogia iniciada no capítulo 5 prossegue no
capítulo 11 e termina com o nascimento de Jesus
Cristo (Mt 1; Lc 3.23-27). Ele é em última análise, o
descendente prometido a Abraão (12.1-3; Gl 3.16).
Os eleitos são abençoados nele porque somente ele,
por sua obediência ativa e passiva, satisfaz as
exigências da Lei e morreu em lugar deles. Todos os
que são batizados em Cristos e unidos com ele por
sua fé são descendentes de Abraão (Gl 3.26-29).
As arrojadas profecias e as prefigurações sutis em
Gênesis mostram que Deus está escrevendo uma
história que conduz ao descanso em Cristo. No
limiar da profecia bíblica, Noé predisse que os
descendentes de Jafé encontrariam salvação através
dos descendentes de Sem (9.27), essa profecia se
cumpriu no Novo Testamento (At 14.27; Ef 2.11-22;
3.6). O próprio Deus proclamou que o descendente
da mulher destruiria Satanás (3.15). Este
descendente é Cristo e sua igreja (Rm 16.20). Assim
como o Israel redimido da escravidão no Egito
encontrou descanso, subsistência e refúgio na Terra
Prometida, assim também a igreja redimida do
mundo de pecado encontra vida e descanso em
Cristo. O paraíso perdido pelo primeiro Adão é
restaurado pelo último Adão, Cristo (ICo 15.45). Esta
história sagrada, unificada assim de forma tão
maravilhosa, certifica que o enfoque de Gênesis é
Cristo.


Fontes:

Bíblia Estudo de  Genebra.
Bíblia de Estudo CPAD.
Bíblia Shedd- Editora vida nova.
Paronama do antigo testamento-Editora Betesda.
Paronama do antigo testamento Andrew E.Hille J.H.Walton- Editora Vida.
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